Animais Fantásticos

Matéria de capa de Animais Fantásticos e Onde Habitam na EW é liberada

Escrito por Renato Delgado

A Entertainment Weekly lançou há poucas horas a versão digital da edição dessa semana, que traz uma matéria de capa interessante sobre Animais Fantásticos e Onde Habitam. Aqui nesta notícia, você poderá ler o texto integral traduzido!

Além das fotos previamente liberadas, a reportagem conta também com trechos de algumas entrevistas com os atores e equipe técnica, a reação de J.K. Rowling ao assistir ao primeiro corte do filme em abril desse ano, discussões sobre o paralelo que existe entre o confronto dos não-majs s bruxos com as questões atuais de segregação e preconceito presentes em todo o mundo, como Eddie Redmayne aprendeu a fazer feitiços com sua varinha, mais informações sobre as criaturas mágicas dos filmes, possíveis dicas sobre o segundo filme e muito mais.

Em uma seção especial, lemos ainda um pouco sobre o processo de criação dos supervisores de efeitos visuais Christian Manz e Tim Burke para o pelúcio, provavelmente o animal favorito dos fãs entre os que já apareceram nos trailers do longa, incluindo detalhes sobre a criatura e principais inspirações.

Animais Fantásticos e Onde Habitam será lançado no Brasil no dia 17 de novembro de 2016. Já estão na contagem regressiva?

P.S.: Gostaria de agradecer especialmente aos amigos do Potterish por terem disponibilizado os scans para a gente assim que a revista saiu. Muito obrigado!

Divisor de texto

Matéria de capa | Entertainment Weekly (19/08/2016)
Traduzido por Renato Delgado

J.K. Rowling entrou na sala de exibição, sozinha. O diretor David Yates esperou do lado de fora. A situação era fora do comum.

Animais Fantásticos e Onde Habitam não estava nem perto de ser finalizado, e em situações normais Yates nunca mostraria um corte de um filme cheio de animação crua a alguém tão importante quanto a autora de “Harry Potter”, mas ele queria saber se sua equipe estava na direção certa. “Estávamos muito nervosos”, Yates se recorda sobre a exibição de abril. “Esperamos e esperamos”. Quando Rowling finalmente saiu, ela encontrou Yates na sala de edição, onde ela o fez esperar um pouco mais. Por cerca de um minuto, ela não conseguia dizer nada. “O filme é muito emotivo”, Yates explica. “O final, em particular, é consideravelmente delicado e tocante”. E então? “Ela ficou muito feliz”.

Naturalmente, ela também tinha algumas anotações – afinal, ela é a arquiteta de todo o universo de “Potter”, assim como produtora e roteirista de Animais Fantásticos (era sua estreia escrevendo um roteiro de cinema). Quase uma década depois do último livro, a autora recentemente reabriu a câmara secreta, ressurgindo a febre “Potter” com uma onda de histórias sobre o mundo bruxo no Pottermore, a sequência em forma de peça Harry Potter e a Criança Amaldiçoada (com seu roteiro bestseller) e agora o filme derivado da saga original, que talvez seja a maior aposta de todas. A magia de “Harry Potter” de fato sobrevive sem Harry Potter?

Os trailers fazem Animais Fantásticos parecer uma comédia encantadora que segue o magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne) na sua caça às criaturas mágicas amantes da desordem que escaparam de sua maleta e agora estão à solta na Nova York de 1926 – e isso é precisamente o que o filme é. Mas, pelo que a reação de Rowling sugere, também seria um erro pensar em Animais Fantásticos como algo leve. Assuntos sérios são sugeridos no meio de acenos de varinha frenéticos. “Há um aspecto sombrio no filme; acho que será surpreendente ver o quão tocante ele é”, Redmayne diz, de novo usando a palavra “tocante” para se referir ao filme.

E esse é o ponto chave. Um filme sobre bruxos que se passa quase um século atrás não deveria ter muito a ver com os eventos sociopolíticos de 2016, mas Yates diz que Rowling escolheu esse período específico porque refletia nossas angústias pós-virada do milênio. Após a chegada de Newt a Nova York, uma série de acontecimentos inquietantes ameaça expor bruxos e bruxas aos não-majs (gíria americana para “trouxas”). Mas a culpa é dos foragidos exóticos de Newt? Ou há algo sinistro acontecendo? Para descobrir, Newt se junta ao não-maj gentil Jacob Kowalski (Dan Fogler), a burocrata do Congresso Mágico Tina Goldstein (Katherine Waterston) e sua irmã de espírito livre e leitora de mentes Queenie (Alison Sudol), enquanto se defende do poderoso Diretor de Segurança Mágica Percival Graves (Colin Farrell). “Parece que o mundo está em um precipício”, Yates fala. “Todos estão um pouco nervosos. Há coisas acontecendo que fazem todos se sentirem desconfortáveis, e as pessoas precisam escolher de que lado vão ficar”.

Em outras palavras: Bruxos e criaturas estão sendo culpadas por alguns incidentes, resultando em um debate cultural maior sobre se deveríamos demonizá-los ou não. Percebe a semelhança? “Discute-se muito sobre segregação neste filme, sobre o medo pelo ‘outro'”, Sudol diz. “Estas criaturas, que o mundo vê como feias, perigosas ou estranhas – Newt as ama tanto e, através do amor dele, nós nos apaixonamos por elas. J.K. acertou ao tratar dessas questões, bastante profundas e pertinentes”.

eddie-katherine-yates

Nos intervalos entre uma tomada e outra, Eddie Redmayne e Katherine Waterston conversam com o diretor David Yates.

De acordo com o elenco, focar nesse drama humano foi algo que Yates continuadamente se esforçava no estúdio. “Havia dias em que ele só dizia: ‘Certo, vamos esquecer que somos bruxos. Esqueçam a magia'”, Farrell nos conta. “Ele só queria que entendêssemos o ponto chave da cena”.

Mas, é claro, há magia – do início ao fim – e inserir o fantástico na Manhattan da Era do Jazz acabou sendo mais difícil do que conjurá-lo, digamos, em um castelo escocês de mil anos de idade. Por exemplo: Uma grande locação no filme é o Congresso Mágico dos Estados Unidos, que Rowling imaginou como escondido dentro do alto Edifício Woolworth e recheado de detalhes encantadores. Ao invés do sistema de aviões de papel do Ministério da Magia, por exemplo, os memorandos do MACUSA são transportados em ratos de origami que correm nos canos entre departamentos.

Quanto às criaturas, o objetivo era ter animais mágicos que podiam se esconder à vista de todos. O occami, que se assemelha a um dragão, poderia se passar por um pássaro exótico do Extremo Oriente, mas ele cresce e encolhe para caber em qualquer espaço; o pelúcio pode parecer um indefeso marsupial australiano, mas não vai parar até roubar todas as suas moedas e joias. “[Rowling] pode pegar um lugar como Nova York, uma cidade a qual todos conhecem, e apresentá-la de uma forma que é reconhecível, ainda que nova em folha”, Farrell diz. “Ela vira o quadro e nos mostra outro mundo por trás do véu”.

Contudo, muita coisa fundamental de Animais Fantásticos ainda está escondida. Ron Perlman está no filme, interpretando um duende dono de um bar clandestino – mas é só isso que sabemos sobre ele. Jon Voight foi escolhido para viver o pai do senador americano, e, fora isso, o propósito do seu personagem é desconhecido. Sabemos que há um grupo fanático liderado por Mary Lou Barebone (Samantha Morton) chamado de “Sociedade Filantrópica da Nova Salém” que quer causar outra execução das bruxas de Salém, e que Mary Lou tem um filho adotivo problemático, Credence (Ezra Miller), que pode até mesmo ser um bruxo. Graves tem um interesse incomum em Credence – mas por quê?

Peça a Miller para ele revelar qualquer coisa sobre o seu personagem e ele praticamente entra em pânico. “Se eu lhe contar qualquer coisa sobre meu personagem, juro que há um atirador no topo daquele prédio que vai me assassinar”, ele diz. Até a ambientação do filme pode ter um significado secreto – 1926 é quando Tom Servoleo Riddle, o futuro Lord Voldemort, nasceu. Isso é importante? “Não sei”, o produtor David Heyman diz.

Newt (Eddie Redmayne) é interrogado por Graves (Colin Farrell)

Newt (Eddie Redmayne) é interrogado por Graves (Colin Farrell).

Ao menos a estrela Redmayne pode falar… um pouco. Parece que Newt foi expulso de Hogwarts por colocar em risco vida humana com uma criatura (o Professor Dumbledore, que tem cerca de 45 anos nesta época, mas não aparece no filme, lutou para mantê-lo na escola). Para se preparar para viver a versão bruxa do Doutor Dolittle, Redmayne conheceu treinadores de animais e ficou vendo como eles interagem com a vida selvagem. “Não tenho uma imaginação particularmente fértil”, ele diz. Então o vencedor do Oscar ficou completamente assustado quando chegou a hora de fazer feitiços para a câmera. Como você pesquisa algo que não ocorre na vida real? “Sonhei por toda a minha vida que seguraria uma varinha e, de repente, eu a tenho em mãos e entro em pânico sem saber o que fazer com ela”, ele diz.

Então ele descobriu: Accio filmes de “Harry Potter”! “Eu precisei lançar um Obliviate, por isso assisti a, literalmente, todos os momentos nos filmes em que houve um Obliviate, e havia um momento incrível em que Emma Watson sacudiu gentilmente sua mão”, ele diz. “Então, sim, dei uma olhada em algumas coisas específicas e me apropriei delas”.

Lançar feitiços também foi a parte mais complicada para Waterston (Vício Inerente). “Você pega a varinha e se sente idiota, no meu caso, por umas três semanas”, a atriz se recorda. “O primeiro obstáculo é fazer parecer como se ela tivesse poder – que você está fazendo algo, de fato, e que não é só um graveto. No final de alguns dos dias que eu precisava fazer algo mágico, eu desmaiava, porque parecia que eu estava aprendendo uma língua estrangeira”.

É bom que eles fiquem fluente nela, porque Rowling já está escrevendo uma sequência (com lançamento previsto para 2018), na qual Yates vai levar as coisas a uma nova direção. Haverá novos personagens e, talvez, uma ambientação completamente diferente. “Gostaria de ver Newt na vida selvagem, vê-lo de fato na selva”, Redmayne declara.

Seu desejo pode ser uma dica, já que o ator sabe alguns dos segredos intimamente guardados de Rowling sobre o futuro de Newt. “Ela vem e me fala ‘Eddie, eu não devia lhe contar isso, mas…’ e aí ela antecipa todos os detalhes do que está na mente dela”, ele diz. “O que ela está fazendo me deixa tão animado”. E se Rowling ficou craque em algum feitiço da vida real seria exatamente o de conjurar empolgação.

Como fazer um pelúcio
Por trás do design do bicho mais fofo de Animais Fantásticos

James Hibberd
Traduzido por Renato Delgado

“Veja, algo brilhante!” Esta criaturinha com fixação por objetos brilhantes é uma das criações mais adoráveis (e destrutivas) de Animais Fantásticos. Aqui, os supervisores de efeitos visuais Christian Manz e Tim Burke explicam como eles deram vida à visão de J.K. Rowling.

pelucio1O SENHOR DAS HORDAS
Rowling o descreveu como uma criatura de focinho longo, que gosta de cavar, é fofo, preto e que tem uma “predileção por qualquer coisa brilhante”. Os designers não o fizeram tão fofo assim, mas deixaram o resto. “Uma das maiores inspirações foi o ratel”, Manz diz. “Vimos um vídeo [de um deles] invadindo a casa de alguém e nada o podia detê-lo”.

pelucio2BARRIGA DE OURO
Os primeiros esboços fizeram o pelúcio parecer mais com um porco, mas Manz e Burke mudaram seu aspecto para um ornitorrinco que lembrava um pássaro. Os animadores, então, adicionaram uma bolsa na barriga, que parece caber muito mais do que é possível. “A bolsa é como a bolsa de mão de Hermione”, Burke diz. “Ele pode absorver toneladas de barras de ouro, moedas e joias”.

pelucio3O REAL COMANDA
A versão final parece menos com uma criatura de fantasia exótica do que com um animal de um documentário de natureza o qual você nunca havia notado – um grande objetivo para desenhar todos os habitantes da maleta de Newt. “Como um trouxa, você veria essa coisa na natureza e pensaria ‘Ah, é um ornitorrinco'”, Burke diz.

Sobre o autor

Renato Delgado

Corvinal de coração, Renato se envolve com sites de "Harry Potter" há mais de dez anos e ainda não se cansou deles! Formado em Letras e quase mestre em Linguística, trabalha com revisão de textos e tradução de filmes e séries de televisão.