A história de uma jovem Joanne Rowling imaginando bruxos, feitiços e criaturas fantásticas em um trem indo de Manchester para Londres não é novidade para nenhum fã. Mas o caminho que o livro fez dos cafés de Edimburgo para as mãos dos leitores é pouco conhecida.
Aqui neste artigo, você vai conhecer várias pessoas e histórias que foram responsáveis pelo sucesso do primeiro livro da série que mudaria a literatura para sempre. Vai se surpreender com números exorbitantes de impressões e pequenas quantidades inicialmente produzidas. Vamos contar a história da publicação de Harry Potter and the Philosopher’s Stone, que completa 20 anos hoje!
Agências e editoras
Rowling enviou o manuscrito recém-finalizado, que consistia dos três primeiros capítulos do que era conhecido apenas como Harry Potter, a uma agência literária, que rapidamente o rejeitou. A segunda agência a recebê-lo foi a Christopher Little Literary. Lá, Bryony Evans e Fleur Howie, duas leitoras freelancers, leram-no e insistiram para que Christopher Little aceitasse a oferta.
A agência enviou o manuscrito para oito editoras, mas apenas a HarperCollins e a Bloomsbury se interessaram. Como sabemos hoje, a Bloomsbury foi quem comprou os direitos de publicação do livro. O preço? 1.500 libras esterlinas.
Bloomsbury
Nigel Newton, fundador e diretor executivo da Bloomsbury na época, relembra que o manuscrito foi enviado para o consultor da editora, Barry Cunningham, e que no começo a recepção não fora muito boa. Rosamund de la Hey, gerente de marketing de livros infantis, fazia parte da equipe de Cunningham e ficou extremamente animada com o livro.
De la Hey fez cópias do manuscrito para todo o comitê editorial em uma tentativa de demonstrar que aquele livro era diferente. Ela enrolou as páginas e enfeitou os rolos com fitas vermelhas para ficarem mais chamativos. Para completar, encheu todos eles com balas da marca Smarties em uma alusão ao prêmio de mesmo nome, que ela apostava que o livro tinha grandes chances de receber (E adivinha só? Ela acertou). Todo o comitê votou a favor da aquisição do manuscrito.
Newton também conta que sua filha, Alice, que tinha oito anos na época, leu o manuscrito e adorou, e que isso de alguma forma foi transformado em um conto de fadas pela mídia, que dizia que a filha de Newton fora a responsável pela aquisição do livro. Ele esclarece que isso não é verdade, e que os responsáveis foram Rosamund de la Hey e Barry Cunningham. Ele lembra de e-mails nos quais De la Hey dizia, em resposta a qualquer opinião amena: “Eu sei que vocês sabem que Harry Potter é bom, mas vocês não estão entendendo… Harry Potter é muito, muito, muito bom.”
J.K. Rowling e as 500 cópias
Rowling enviou, então, o livro completo, e a equipe de Cunningham começou a leitura. A editora já trabalhava no marketing do livro quando as sugestões iniciais de edição foram enviadas para Rowling, que concordou com as críticas de que o livro era muito longo. Foi nesse estágio que sugeriram a Rowling publicar o livro sob um pseudônimo agênero. Nascia J.K. Rowling.
Começaram os planos para a publicação. 500 cópias em capa dura seriam produzidas para vender a bibliotecas, e, para o público geral e livrarias, foram produzidas 5.150 cópias em brochura. Por muitos anos, as pessoas acharam que existiam apenas 500 cópias da primeira tiragem do livro, mas na verdade o que esquecem de checar são as datas de publicação da capa dura e brochura. Os dois livros foram publicados no mesmo dia, 26 de junho de 1997, somando então 5.650 exemplares da primeira tiragem e edição de Harry Potter and the Philosopher’s Stone.
Em 2013, a Clays Ltd, empresa que imprimiu todas as edições já produzidas do livro no Reino Unido, fez um cálculo interessante: segundo eles, até aquela data, 12,9 milhões de cópias já haviam sido impressas.
Heróis esquecidos
Aproveitamos então para parabenizar Bryony Evans, Fleur Howie, Rosamund de la Hey e Barry Cunningham nessa data. A história da publicação de Harry Potter e a Pedra Filosofal é uma de fé e coragem por causa dessas pessoas. É a história de um caminho cheio de obstáculos, mas com muitos ajudantes. Hoje, faz 20 anos que as bibliotecas e livrarias receberam livros com os dizeres “Harry Potter” na capa pela primeira vez, e hoje é difícil imaginar entrar em uma e não encontrá-los.
As informações neste artigo são do especialista em livros e manuscritos Philip W. Errington, publicadas em J.K. Rowling: A Bibliography 1997-2013.