Recentemente tivemos a confirmação de que a série de livros “Harry Potter” será transformada em uma série de televisão, produzida pelo grupo Warner Bros. Discovery e lançada na plataforma de streaming Max. A série promete uma abordagem única: cada temporada será baseada em um livro da série, o que permitirá entregar aos fãs uma visão mais fiel do mundo mágico criado por J.K. Rowling.
Essa notícia dividiu os fãs de todo o mundo. A maioria do público certamente anseia por mais conteúdo relacionado a “Harry Potter”. No entanto, grande parte dessas pessoas diz que preferia muito mais que esse esforço criativo fosse direcionado a um material completamente novo, uma história nova, se passando antes ou depois, com muita ou pouca relação com a história dos livros.
Mas, independentemente de opiniões e argumentos contrários, é necessário encarar: a série de televisão de “Harry Potter” é uma realidade. Então, vem aqui acalmar seu coração, ligar o modo Poliana de ser e descobrir por que adaptar a história nesse formato pode ser uma ótima ideia!
Controle criativo e formato
Até pouco mais de uma década atrás, as séries de televisão tinham um formato engessado para se adequar à programação dos canais de televisão: elas precisavam ter uma quantidade predefinida de episódios e cada capítulo deveria ter uma duração específica para encaixar na grade e comportar os intervalos comerciais. Além disso, devido a restrições orçamentárias, poucas séries tinham qualidade realmente comparável ao cinema.
Quando as plataformas de streaming se popularizaram, esse formato começou a ser subvertido, dando mais controle criativo aos criadores. Os produtores passaram a ter mais liberdade para contar a história que desejavam, sem ter que se preocupar tanto com as restrições de outrora.
Apesar de o orçamento não ter sido um grande problema no caso da adaptação de “Harry Potter” para o cinema, certamente o tempo foi. Com exceção de Relíquias da Morte, que foi adaptado em dois filmes, todos os livros tiveram adaptações com, em média, duas horas e vinte minutos.
No caso de uma série de televisão de “Harry Potter”, imaginando que cada temporada tenha pelo menos 8 episódios e que cada capítulo tenha cerca de 45 minutos de duração, podemos estar prestes a receber uma adaptação de cada livro de pelo menos seis horas, proporcionando um nível totalmente diferente de imersão! Isso desconsiderando o fato de que o número de episódios deve variar de acordo com o livro que está sendo adaptado.
Além disso, de acordo com o CEO da HBO e da Max Content, Casey Bloys, podemos esperar um orçamento bastante significativo, semelhante ou maior ao de Game of Thrones e House of the Dragon, o que significa que ela será realizada com alta qualidade de produção, efeitos especiais incríveis e certamente podemos esperar uma equipe talentosa de atores e diretores à frente do projeto.
Fidelidade ao material original
Certo, já falamos sobre isso no tópico anterior, mas é bem importante frisar: a série de televisão tem tudo para adaptar os livros de forma muito mais fiel do que foi possível nos filmes. Difícil encontrar um fã que não tenha sentido falta do funeral de Dumbledore, da subtrama da Winky e do F.A.L.E., da história dos Marotos, de vários detalhes do passado de Voldemort e tantas outras cenas importantes para a construção da trama e dos personagens.
Mais do que isso, algumas mudanças práticas talvez sejam menos frequentes: talvez, desta vez, não precisaremos que Neville apresente a Sala Precisa ao Harry e dê a dica sobre o guelricho na segunda tarefa (apesar desta adaptação ter sido incrível) ou a Cho Chang levando a culpa de dedo-duro no lugar da Marietta Edgecombe… Enfim, a série terá tudo para agradar os fãs mais puristas.
Exploração de personagens secundários
Da mesma forma que a série lançará mais luz sobre a trama principal, teremos tempo hábil para explorar personagens secundários de forma mais aprofundada, dando-lhes mais tempo de tela e desenvolvimento de personagem. É possível até que acompanhemos mais personagens que orbitam o trio, como Gina, Draco e os colegas sonserinos, os gêmeos Fred e Jorge, Neville, Simas, Dino e Luna, mais até do que temos nos livros, oferecendo aos fãs uma visão mais completa do mundo de “Harry Potter”.
Já pensou, por exemplo, em sermos apresentados à Luna não apenas na quinta temporada, mas que tenhamos uma prévia da personagem já a partir da segunda temporada, quando ela começará seu ano letivo em Hogwarts? Ou já imaginou como seria interessante termos episódios ou mais cenas a partir da perspectiva de outros personagens? Quão proveitoso seria isso para o arco de Draco em Enigma do Príncipe, por exemplo?
Melhor aproveitamento dos livros como uma unidade
Quando os filmes começaram a ser lançados no cinema, lá em 2001, as livrarias ainda estavam longe de receber os três últimos livros de “Harry Potter”. Por esse motivo, os filmes foram adaptados sem a equipe ter a real dimensão do tanto que um corte poderia prejudicar os filmes seguintes, provocando algumas anomalias ao longo da série e cruelmente deixando de fora tantos dos easter eggs genialmente implantados por J.K. Rowling ao longo de sua escrita.
Desta vez, isso não será mais um problema, uma vez que todos os livros já foram lançados e os roteiristas poderão se debruçar em todos eles antes de definir a adaptação da primeira temporada, estabelecendo bases sólidas para uma série que se converse muito mais e sem tropeços.
Mundo Bruxo poderá ser expandido com spin-offs
O fato de a primeira história do Mundo Bruxo a ser adaptada para o formato televisivo ser a própria saga “Harry Potter” dará muito mais força para que, no futuro, tenhamos uma expansão desse universo na televisão/streaming.
A criação de séries ou minisséries que abordem os fundadores de Hogwarts, a Primeira Guerra Bruxa, a vida do trio após a batalha final e tantos outros acontecimentos estaria muito mais próxima de se tornar realidade após uma adaptação bem sucedida da história que deu origem a tudo isso no streaming.
Isso proporcionaria uma oportunidade muito maior aos criadores de expandirem a mitologia e a história de “Harry Potter”, tal qual está acontecendo agora com as diversas séries derivadas de Game of Thrones em produção pela HBO.
Fortalecimento da base de fãs
Apesar de já ter um grande público, a franquia “Harry Potter” deverá alcançar, com essa nova série, uma nova geração de fãs que não seria atraído com uma história derivada do universo. Para efeitos de comparação, “Animais Fantásticos” praticamente só chamou aos cinemas quem já era fã de “Harry Potter” ou se interessava pelo universo, não conseguindo manter a franquia viva e relevante.
O apelo de “Harry Potter” é incomparável: mesmo já fazendo bastante sucesso no mundo literário, quando a série de livros foi adaptada para o cinema, a história conseguiu alcançar uma nova gama de fãs. Algo parecido deve acontecer quando o bruxo chegar à televisão/streaming nesse novo formato.
Possibilidade de um elenco mais diverso e narrativas mais inclusivas
Muito provavelmente, a série de televisão de “Harry Potter” seguirá a feliz tendência atual na indústria audiovisual e apresentará um elenco mais diversificado do que os filmes, tornando a franquia mais inclusiva e representativa. Já pensou se levam a ideia da peça Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, em que Hermione é negra, para a série?
Além disso, poderá ser uma ótima oportunidade de inserir com mais proeminência o fato de Dumbledore ser gay na própria história de “Harry Potter”, que poderia até dar uma conclusão à narrativa que foi iniciada em “Animais Fantásticos” (que, ao que tudo indica, não será encerrada no cinema).
E você? Consegue pensar em mais algum ponto positivo? Comente abaixo e vamos espalhar a positividade!