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Copa do Mundo de Quadribol 2016: saiba como foi o Brasil!

Escrito por Vinicius Ebenau

O Animagos, em colaboração com a Associação Brasileira de Quadribol, tem o prazer de trazer uma cobertura especial da participação do Brasil na 3ª Copa do Mundo de Quadribol da International Quidditch Association – realizada nos dias 23 e 24 de julho na cidade de Frankfurt, na Alemanha – feita pelas pessoas mais capacitadas possíveis para tal: os próprios jogadores da seleção! Esta foi a primeira presença do país no torneio.

Visamos com esse post trazer maior visualização ao esporte, que engatinha por aqui, e dar destaque a esse feito inédito. Caso você queira se juntar a um time na sua região ou formar o seu próprio, entre em contato com a ABRQ ou faça parte deste grupo.

Leia abaixo, em português (com fotos) e em inglês, como os nossos representantes se saíram!

Divisor de texto

Brasil Contra o Resto do Mundo

Karen Douglas e Roberto Malta
Traduzido por Yuri Colmerauer
Editado por Yanna Colmerauer
Revisado por Vinicius Ebenau

O quadribol consiste de sete jogadores em quatro posições diferentes: três artilheiros, dois batedores, um goleiro e um apanhador. O desporto permite contato físico total e possui elementos do rúgbi, queimada e handebol. O objetivo dos artilheiros e do goleiro é de meter a goles, uma bola de vôlei um pouco murcha, nos aros do time adversário, e de impedir que isso aconteça contra seu próprio time. Cada gol vale 10 pontos. Os batedores ajudam os artilheiros jogando balaços, bolas de queimada, nos artilheiros adversários e acertando-os constitui em que eles desmontem das suas vassouras e voltem aos seus aros sem interferir no jogo. A partida termina quando o apanhador pega o pomo de ouro, uma bola de tênis dentro de uma meia que é presa com velcro na traseira do calção de um árbitro imparcial. Este ato vale 30 pontos.

O time do Brasil era composto de somente sete jogadores e um fim de semana difícil vinha pela frente.

Tudo começou com Phill Cain, um batedor da Universidade de Rugters, que tinha o sonho de representar o seu país na Copa do Mundo de Quadribol em Frankfurt. Pela ABRQ, a Associação Brasileira de Quadribol, ele conseguiu recrutar um contingente suficientemente grande de jogadores para constituir um time. A grande maioria da equipe de quadribol brasileira não mora no Brasil, mas têm cidadania brasileira e jogam nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido. Bem ou mal, isso os deu uma vantagem, por que o quadribol é um desporto muito novo no Brasil, então os jogadores ganharam muita experiência jogando com times mais bem estabelecidos.

A seleção brasileira de quadribol. Em pé: Vinicius Costa. Ajoelhados, da esq. para a dir.: Yanna Colmerauer, Karen Douglas, Ben Whong, Yuri Colmerauer, e Roberto Malta. Deitado no chão: o capitão do time, Phill Cain.<br /><br /> Créditos da foto: Ajantha Abey Quidditch Photography

A seleção brasileira de quadribol. Em pé: Vinicius Costa. Ajoelhados, da esq. para a dir.: Yanna Colmerauer, Karen Douglas, Ben Whong, Yuri Colmerauer e Roberto Malta. Deitado: o capitão do time, Phill Cain. © Ajantha Abey Quidditch Photography

O primeiro jogo internacional do Brasil foi um amistoso contra a Coreia do Sul, outro país que enviou somente sete jogadores ao torneio. Embora sendo um amistoso, as duas equipes queriam provar que suas desvantagens numéricas não eram razões para serem descartados.

O jogo começou com os sul-coreanos marcando primeiro, mas o Brasil rapidamente respondendo com um toma-lá-dá-cá. A pontuação do jogo continuou a aumentar neste ritmo, muito mais rápido do que era antecipado. Os times pela primeira vez desenvolveram seus ritmos de jogo, experimentando táticas diferentes contra o adversário. O Brasil só começou a assumir a liderança quando um dos jogadores sul-coreanos si machucou não-severamente, mas suficiente para que eles terminassem o jogo com um jogador a menos. Depois disso, o Brasil assumiu uma liderança convincente fora do alcance do pomo de ouro e também se acostumando com a dinâmica do time. Por fim, o pomo não foi pego por que o jogo foi encerrado pela exaustão dos atletas e isto poderia prejudicar as equipes que já estavam em estados frágeis. O Brasil ganhou por padrão por 150-70 e aprendeu que um jogo só necessita um tremendo esforço físico e psicológico, e tinha que levar isto em consideração nos jogos pela frente.

O goleiro, Roberto Malta, defendendo os aros contra a Coreia do Sul.<br /> <br /> Créditos da foto: Ajantha Abey Quidditch Photography

O goleiro Roberto Malta defendendo os aros contra a Coreia do Sul. © Ajantha Abey Quidditch Photography

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Ben Whong jogando como artilheiro contra a Coreia do Sul, que tem posse dos balaços. © Ajantha Abey Quidditch Photography

No sábado, o torneio começou de vez. Todos os atletas compareceram no local as 7h15 da manhã (horário alemão) para uma inspeção de equipamento. O primeiro jogo foi contra os Estados Unidos, o melhor time do mundo de acordo com os rankings. A ordem era simples: não se machuque a qualquer custo. Embora fazendo um tremendo esforço para tentar resgatar um pouco de consolação do jogo, o time só conseguiu dois gols anulados e perdeu de 210-0.

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A seleção brasileira em posição de “Brooms Up” no início do jogo. © Ajantha Abey Quidditch Photography

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O capitão Phill Cain arremessando seu balaço contra a equipe dos Estados Unidos. © Ajantha Abey Quidditch Photography

O próximo jogo foi contra a Noruega, um dos melhores times europeus, com batedores excelentes, artilheiros capazes de serem agressivos e com ataques fortes pela linha de fundo. O jogo inteiro foi tenso, com o Brasil correndo atrás, mas sempre dentro do alcance do pomo de ouro, que poderia constituir em uma vitória ou empate inesperado. Mais ou menos um minuto antes do pomo ser lançado em campo, a Noruega saiu do alcance, e depois rapidamente o pegou. A Noruega ganhou merecidamente por 150-70, mas o Brasil se sentiu satisfeito por ter proporcionado um jogo bem duro.

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O apanhador em ação: Ben Whong tentando apanhar o pomo de ouro do “snitch runner”. © Ajantha Abey Quidditch Photography

O último jogo do grupo foi contra a Alemanha, o país-sede. Infelizmente, desta vez, o 7 a 1 no futebol não foi vingado, porém foi um jogo puxado para os dois times e uma menção honrosa tem que ser dada ao banco alemão por providenciar água para as duas equipes enquanto a arbitragem parava a partida temporariamente. O resultado foi um jogo excelente de quadribol com uma vitória retumbante para a equipe alemã por 200-50. O dia foi exaustivo, mas uma noite de sono foi suficiente para recuperar para as eliminatórias do dia seguinte.

Ben Whong sendo agarrado pelo jogador alemão. © Jens Gutermuth

Ben Whong sendo agarrado pelo jogador alemão. © Jens Gutermuth

Yuri Colmerauer defendendo contra a Alemanha. © Jens Gutermuth

Yuri Colmerauer defendendo contra a Alemanha. © Jens Gutermuth

O time brasileiro e o time alemão juntos após sua partida no primeiro dia do torneio. © Ailsa Spiers

O time brasileiro e o time alemão juntos após sua partida no primeiro dia do torneio. © Ailsa Spiers

No domingo, tínhamos as eliminatórias. Um sistema de ranking foi criado para deixar que todos os times tivessem pelo menos um jogo em cada dia do torneio. Antes das oitavas-de-final, houve uma rodada preliminar para as equipes com os piores índices de performance na fase de grupos. Com vários machucados, a Coreia do Sul foi forçada a desistir do torneio, então o Brasil era o último colocado (20° lugar) em termos de performance.

O oponente era a Eslováquia, ranqueada 13° após o primeiro dia. Neste jogo, a experiência adquirida pelos jogadores brasileiros em cima de equipes bem estabelecidas mostrou a sua face, e o Brasil rapidamente conseguiu uma liderança de 60 pontos. Com essa liderança confortável, um ritmo menos intenso foi utilizado, esperando o pomo ser pego. Foi uma vitória importante para o Brasil por 150-40, e os eslovacos comemoraram conosco.

Vinicius Costa faz um gol contra a Eslováquia. © Ailsa Spiers

Vinicius Costa faz um gol contra a Eslováquia. © Ailsa Spiers

Classificando-se para as oitavas-de-final, o Brasil enfrentou a França, os atuais campeões europeus. Ainda entusiasmados pela vitória do jogo anterior, o Brasil marcou o primeiro gol do jogo. Entretanto, o time francês aproveitou sua vantagem numérica e rapidamente recuperou a partida e assumiu uma liderança confortável, mas o Brasil conquistou a última honra do jogo: conseguiu pegar o pomo de ouro, diminuindo o déficit da derrota. O resultado foi de 190-50.

Batedores Phill Cain e Yanna Colmerauer tomando posse dos balaços contra a França. © Ajantha Abey Quidditch Photography

Os batedores Phill Cain e Yanna Colmerauer tomando posse dos balaços contra a França. © Ajantha Abey Quidditch Photography

Perdendo nas oitavas, o Brasil ganhou o direito de jogar na repescagem, onde poderia disputar até a colocação de nono lugar. Tendo uma desvantagem numérica e dando prioridade à saúde mais do que ao desempenho do jogo, e o cansaço ficando cada vez mais aparente, o Brasil perdeu todos seus jogos da repescagem. A ordem foi: Noruega, Itália e Eslovênia.

A revanche contra a Noruega se passou da mesma forma como o jogo contra a Alemanha no dia anterior, terminando por 180-40. O foco do jogo com a Itália era com a saúde e sobrevivência novamente, principalmente depois que uma jogadora brasileira sofreu uma pequena lesão, obrigando o Brasil a jogar com um jogador a menos e sair derrotado por 200-60. Na última partida, a jogadora voltou ao campo e o time de sete deram tudo por tudo. Quando a Eslovênia apanhou o pomo, o Brasil só tinha 20 pontos de diferença, o que foi incrível considerando o fato que os brasileiros estavam exaustos, tendo jogado cinco partidas no espaço de sete horas. O final foi de 170-120.

Mesmo assim, o Brasil chegou em 16° em um torneio de 21 equipes.

Jogo entre Itália e Brasil. Artilheira Karen Douglas iniciando um “tackle”. © Vera Tosetto

Jogo entre Itália e Brasil. A artilheira Karen Douglas iniciando um “tackle”. © Vera Tosetto

O Brasil veio para a Copa do Mundo com expectativas tão baixas que nem uma vitória era esperada. No entanto, foi provado que essa equipe de sete pôde provocar uma zebra, com o apoio do torcedor neutro em todos os jogos e bastante persistência.

A experiência foi única. O Brasil mostrou que tem um grande potencial para melhorar e participar nos próximos torneios. Com sua primeira vitória registrada em um campeonato e atualmente considerado o 16° melhor time do mundo, os nossos adversários que se cuidem.

Na Copa América de Quadribol e na Copa do Mundo 2018, o Brasil vai botar para quebrar.

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Brazil vs. the World

Karen Douglas and Roberto Malta
Edited by Yanna Colmerauer

In quidditch, there are seven players filling four different positions: three chasers, two beaters, a keeper and a seeker. This sport is full contact with elements from rugby, dodgeball and handball. The aim of the chasers and keeper is to put the quaffle through the hoops of the opposing team and to stop that from happening to them. Each goal is worth 10 points. Helping them are the beaters, who use dodgeballs to beat opponents and send them running back to their hoops before being able to join the play again. The game ends when the seeker catches the snitch: a tennis ball in a sock, velcroed to the back of an impartial referee’s shorts. This in itself is worth 30 points.

The Brazilian National Quidditch team for World Cup 2016 was composed of seven people. Brazil had a tough weekend ahead of them.

It all started with Phill Cain, a beater from Rutgers University, who wanted to fulfill his dream of representing his homeland at the Quidditch World Cup in Frankfurt. Through ABRQ, the Brazilian Quidditch Association, he managed to recruit enough players to make up a team. Most of the Brazilian quidditch team does not live in Brazil but instead play in the USA, Canada and UK with Brazilian nationality. This was actually an advantage as quidditch is still quite new in Brazil meaning that the players have gained experience playing with more established teams.

Brazil’s first game was against South Korea, the other nation with only 7 players, in a friendly expo game. The stakes were high as both teams wanted to prove that despite their obvious disadvantage, they were not to be underestimated.

The game started with South Korea scoring first but Brazil quickly matching it. The score continued increasing in this pattern, faster than the spectators thought it would, as both teams got the hang of playing together for the first time and figuring out what worked best against their opponent. It was only when South Korea lost a player to non-severe injury that Brazil started pulling ahead, getting out of snitch range and really meshing as a team in their playing style. Ultimately, the snitch was not caught due to exhaustion and heat making continuing dangerous to the players and the final score stands at 150-70 Brazil. Overall, both Brazil and South Korea played amazing games but it showed that even one game would take a lot out of them so they had to prepare mentally for the upcoming weekend.

Our next day started at 7h15 am for an equipment check. We were ready for the challenge and it all started in the morning when we played against the USA, the best team in the world according to most analysts. We played really well, even though our main goal for that game was to not get injured, and managed to almost score twice, but eventually lost by 210-0.

Our next match was against Norway, who are considered one of Europe’s top 5 teams. They have strong beating and big players capable of tackling and driving. We played very hard and were in snitch range – meaning within 30 points of them, enough to win or tie if Brazil caught the snitch – until about one minute before snitch came on pitch and Norway pulled away. Norway won but Brazil was very proud of the how hard we made them work for it. Our final game of pool play was against the hosts, Germany. It was the most fun game we’ve played. Their bench players would bring us water during stoppages and encourage us. Unfortunately, it was our third game of the day playing without any subs so we just ran out of gas. The result was a great game of quidditch in a blowout in Germany’s favor.

We were all exhausted, but went back to our hotel to rest a little and get ready for the next day. Our first game was against Slovakia, who was ranked 13th overall to our 20th, and we wanted to prove ourselves in this match. We started with a lot of energy and quickly gained a 60 point lead on them and then played slowly from there until we caught the snitch. It was a very exciting win for Brazil and Slovakia celebrated along with us.

After that game, we were back on bracket play and would face the 2016 European champions: France. It was also a very fun game and we played really well, dropping 50 points on them – 2 goals and a snitch catch – and having some great plays. With that loss, we were sent into the consolation brackets for a rematch against Norway. Much like our game against Germany, we ran out of gas against a great team and lost on a blowout. After that game, we were all exhausted and found out that we still had two more games to play. We were only able to do it because of the amazing support that we received from our fans that kept us moving forward when we had already ran out of energy since our game against France. We played Italy and lost while playing hard and trying to stay healthy, especially after one of our players couldn’t play anymore due to injury and we were down to 6 players. Our last game of the tournament was against Slovenia. We had a full squad of seven players back and played our hearts out in that game. We were out of range when seekers were released, but managed to score some more until Brazil was down twenty points when Slovenia caught the snitch. It was a great game, especially when you take into account how tired we were, so we were very proud despite the loss.

Brazil could not have entered this tournament with lower expectations of us but we proved that this 7 person team was exceptionally skilled and could make miracles happen with their determination. The whole experience was phenomenal with the crowd rallying for us and actually winning an official match that we never expected would happen.

Watch out world, Brazil’s coming for you in 2018.

Sobre o autor

Vinicius Ebenau

Vinicius aprendeu com "Harry Potter" a valiosa lição que amigos são uma das coisas mais importantes que existem... porque, sem eles, não teria pego emprestado a maioria dos livros para ler pela primeira vez. Formado em Cinema e Audiovisual, espera que a J.K. Rowling leia essa bio e dê uma chance a ele, pois faria um trabalho mil vezes melhor que o David Yates.