Em “Harry Potter”, J.K. Rowling não esconde seu gosto em falar sobre problemas sociais em forma de metáforas e alegorias que se conjuram no mundo bruxo. Até mesmo no arco dos Dursleys podemos encontrar críticas a certos aspectos da sociedade moderna inglesa, que muitas vezes se correlacionam muito bem a outras culturas ocidentais.
Em Animais Fantásticos e Onde Habitam não foi diferente. Apesar dos cortes do que aparentemente seria um arco muito mais elaborado, a gente ainda consegue pescar a superfície de um argumento a favor das mudanças sociais lideradas pela autora em sua organização, a Lumos.
Mary Lou Barebone, a líder da Sociedade Filantrópica Nova Salem, parece também ser responsável por um orfanato, além de ter três filhos adotados: Credence, Modéstia e Caridade. A premissa do arco é mostrar o abuso dessas crianças, tanto físico quanto mental, ao obrigá-los a trabalhar em favor da causa da mulher.
A Lumos tenta mostrar de diversas formas, e tem como um de seus maiores argumentos, que orfanatos são lugares ruins. Rowling ainda advoga para o fim dos grupos de voluntários que trabalham para essas instituições. Ela explica que isso aumenta a longevidade das instituições e proporciona ainda mais espaço para crianças que, de outra forma, estariam nas mãos de suas famílias ou de organizações que realmente ajudam na criação delas.
O abuso e o lado ruim dos orfanatos talvez seja o que o diretor David Yates e a própria Rowling já chamaram de uma “narrativa muito sombria”, quando falando sobre a primeira versão (descartada) do roteiro do primeiro filme. Fica claro que o arco dos Barebones foi diminuído e, talvez, deixado para mais tarde. Esperamos que, com o sucesso da série, J.K. Rowling tenha a oportunidade de ser mais livre quanto ao tema das histórias futuras.
Animais Fantásticos 2 retorna a Nova York e, segundo confirmação recente, ainda veremos a conclusão do arco de Credence. O filme, ainda sem nome, chega ao Brasil no dia 15 de novembro de 2018.