Filmes de Harry Potter

Morre Michael Gambon, segundo intérprete de Dumbledore em Harry Potter

Foto de Michael Gambon no set do Grande Salão.
Escrito por Vinicius Ebenau

Morreu na noite desta última quarta-feira (27) na cidade de Witham, na Inglaterra, o ator Michael Gambon, intérprete de Alvo Dumbledore nos filmes de “Harry Potter” desde Prisioneiro de Azkaban. Ele tinha 82 anos. A notícia foi anunciada por sua família, que revelou que o ator faleceu pacificamente em um hospital após um ataque de pneumonia, cercado por sua esposa Anne e filho Fergus.

Nascido em Dublin, na Irlanda, em 19 de outubro de 1940, filho de mãe costureira e pai engenheiro, Michael John Gambon frequentou a Royal Academy of Dramatic Art em Londres dos 18 aos 21 anos, enquanto trabalhava como ferramenteiro. Gambon fez sua estreia profissional no teatro em 1962, aos 24 anos, em uma produção de Otelo, de William Shakespeare, no Gate Theatre Dublin, entrando em turnê com o elenco antes de chamar a atenção do ator e diretor Laurence Olivier, que o trouxe para a recém-formada National Theatre Company em 1963. Curiosamente, em 1965, o ator fez sua estreia cinematográfica em uma adaptação de Otelo, estrelada por Olivier e Maggie Smith (sua colega de elenco de National Theatre e futura parceira de cena em “Harry Potter”, interpretando Minerva McGonagall).

Michael Gambon em uma produção do National Theatre de Mãe Coragem e os Seus Filhos, de Bertolt Brecht, em 1965. (Alarmy)

Com mais de 150 créditos no cinema e na televisão, Michael Gambon atuou em séries como The Singing Detective, The StoryTeller, Luck, Doctor Who, A Coroa Vazia e Os Crimes de Fortitude, e filmes como O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, Assassinato em Gosford Park, A Vida Marinha com Steve Zissou, Nem Tudo é o Que Parece, O Fantástico Sr. Raposo, O Discurso do Rei, As Aventuras de Paddington, Kingsman: O Círculo Dourado e Judy – Muito Além do Arco-Íris.

Seu papel de maior reconhecimento, porém, foi viver Alvo Dumbledore nos filmes de “Harry Potter”, substituindo Richard Harris após sua morte em 2002. Gambon apareceu pela primeira vez como o diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, o terceiro longa da série, e retornou em todas as cinco continuações, dando uma interpretação diferente ao personagem; enquanto o Dumbledore de Harris falava e agia calmamente, o Dumbledore de Gambon era mais energético (causando até uma discussão entre o diretor de Prisioneiro de Azkaban, Alfonso Cuarón, e Gambon ao filmar uma cena de Dumbledore descendo uma escada, com Cuarón querendo que ele descesse devagar, transparecendo a idade do personagem, enquanto o ator queria descer correndo; Gambon acabou filmando apenas do seu jeito). Após os filmes de “Harry Potter”, Michael Gambon atuou ainda em outra adaptação de um livro de J.K. Rowling, a minissérie Morte Súbita.

Dumbledore na porta da Ala Hospitalar em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban. (WB/Wizarding World/Divulgação)

Em seus últimos anos de vida, Michael Gambon sofreu com a perda de memória, revelando que usava fone de ouvido para lembrar suas falas e que precisou ser levado ao hospital para tratar ataques de pânicos que teve por esquecê-las. Em 2015, aos 74 anos, ele finalmente se aposentou dos palcos de teatro. Seu último trabalho lançado foi o filme Cordelia, de 2019. Ao todo, em sua carreira, Gambon conquistou três Prêmios Laurence Olivier, dois Prêmios Screen Actors Guild e quatro BAFTAs.

Gambon deixa sua esposa, Anne Miller, e três filhos, Fergus, Michael e William.

A autora J.K. Rowling e parte do elenco de “Harry Potter” deixaram depoimentos sobre o ator. Leia-os abaixo:

J.K. Rowling, autora de “Harry Potter”:

Acabei de ouvir a notícia terrível sobre Michael Gambon. A primeira vez que o vi foi em Rei Lear, em 1982, e se você tivesse me dito que aquele ator brilhante apareceria em qualquer coisa que eu escrevesse, eu teria pensado que você era louco. Michael era um homem maravilhoso, além de ser um ator excepcional, e eu adorei trabalhar com ele, não apenas em Potter, mas também em Morte Súbita. Minhas mais profundas condolências vão para a família de Michael e para todos que o amavam.

Daniel Radcliffe, intérprete de Harry Potter:

Com a perda de Michael Gambon, o mundo tornou-se consideravelmente menos divertido. Michael Gambon foi um dos atores mais brilhantes e sem esforço com quem já tive o privilégio de trabalhar, mas apesar de seu imenso talento, o que mais me lembrarei dele é o quanto ele se divertia fazendo seu trabalho. Ele era bobo, irreverente e hilário. Ele amava seu trabalho, mas nunca pareceu definido por ele. Ele era um incrível contador de histórias e piadas e seu hábito de confundir os limites do fato e da ficção ao conversar com jornalistas significava que ele também era uma das pessoas mais divertidas com quem você poderia desejar fazer uma coletiva de imprensa. O sexto filme foi onde passei mais tempo trabalhando com Michael e ele tornou as horas que passamos juntos em frente a uma tela verde mais memoráveis ​​e alegres do que deveriam ser. Estou muito triste em saber que ele faleceu, mas estou muito grato por ser uma das pessoas sortudas que trabalhou com ele.

Rupert Grint, intérprete de Rony Weasley:

É muito triste ouvir sobre Michael. Ele trouxe tanto calor e tantas travessuras todos os dias no set. Ele me cativou quando criança e se tornou um modelo pessoal para mim encontrar a diversão e as excentricidades da vida. Enviando todo o meu amor para sua família.

Emma Watson, intérprete de Hermione Granger:

Bondoso, bondoso, bondoso Michael Gambon. Você nunca levou muito a sério, mas, de alguma forma, entregou os momentos mais sérios com toda a compostura. Obrigado por nos mostrar como é usar grandeza de forma leve. Vamos sentir saudade de você.

Tom Felton, intérprete de Draco Malfoy:

Ergam uma varinha para Michael.

James Phelps, intérprete de Fred Weasley:

Lamento muito por saber do falecimento de Michael Gambon. Ele era, em frente e fora das câmeras, uma lenda. Apenas uma pequena lembrança de Michael:

Enquanto filmava HP6, eu trabalhei no departamento de assistente de direção por toda a filmagem (menos nos dias em que estava atuando). E por essa razão eu passei horas com Michael durante as filmagens. Ele era sempre muito engraçado e muito disposto a compartilhar qualquer conhecimento que ele tinha.

Um dia, estávamos filmando a última cena de Dumbledore na torre do relógio, obviamente uma cena intensa. Entre takes Michael me perguntou o que eu faria naquele final de semana. No caso, eu e meu irmão iriamos ler Pedro e o Lobo com a orquestra Hallé de Manchester. “Você tem o roteiro para isso?”, ele perguntou. Eu tinha. “Eu já fiz isso, vamos ensaiar e, se você quiser, eu posso te dar umas notas.” Então nós passamos o que deveria ser sua folga ensaiando meu trabalho no final de semana. É uma memória que eu sempre tive como um dos destaques dos meus dias de HP.

Chris Rankin, intérprete de Percy Weasley:

Triste de saber que nós perdemos o grande Michael Gambon.

Mais um dos grandes.

Bonnie Wright, intérprete de Gina Weasley:

Ficava sempre maravilhada com a presença e a atuação de Michael. Sua voz profunda e travessa entre as cenas vibrava pelo Grande Salão. Ele era Dumbledore por completo, uma figura constante, calorosa e orientadora. Descanse em paz, Miguel. Enviando amor para sua família.

Afshan Azad, intérprete de Padma Patil:

https://twitter.com/afshan_azad/status/1707362806486417867

Ícone e lenda da tela, descanse em paz. Dizer que compartilhei a mesma tela com esse homem é uma honra. Pensando em toda a sua família e amigos, e também na nossa família Potter hoje. #Sempre

Stan Yanevski, intérprete de Vítor Krum:

Estou muito triste de saber que nós perdemos outra lenda. Sir Michael Gambon.

Eu sou muito grato por ter dividido o mesmo set que você e vou valorizar todas as ótimas memórias, risadas e lições para sempre. Descanse em paz.

Jason Isaacs, intérprete de Lúcio Malfoy:

O magnífico Michael Gambon morreu. Aprendi o que poderia ser atuar com Michael em The Singing Detective – complexo, vulnerável e totalmente humano. A maior emoção de estar nos filmes de Potter era que ele sabia meu nome e compartilhava comigo seu destemido e sujo senso de diversão.

David Thewlis, intérprete de Remo Lupin:

Simplesmente o maior ator de teatro e cinema com quem já trabalhei. Eu o conheci no início da minha carreira em The Singing Detective e muitas vezes ao longo dela. O verdadeiro destaque e honra foi filmar Endgame de Beckett com ele. Ele era o mais engraçado dos homens, o melhor contador de histórias, e muito gentil e generoso. Se você o conhece apenas como Dumbledore, faça um favor a si mesmo e preste sua homenagem procurando seus outros trabalhos. Você ficará mais rico por isso. Ele era, na minha opinião, o gigante de todos eles. Boa noite, Michael, sinto-me muito privilegiado por ter conhecido e amado você.

Fiona Shaw, intérprete de Petúnia Dursley:

Eu lembro dele dizendo “Eu apenas sigo a Teoria do Caos”. Então, se um papel vinha do National Theatre, ele aceitava; se vinha da televisão, ele fazia; se vinha um filme, ele fazia. Ele variou a sua carreira notavelmente e nunca julgou o que estava fazendo, ele só atuava. E ele me disse uma vez, no carro: “Eu sei que falo demais disso e daquilo, mas, na verdade, no final, só existe a atuação”. Eu acho que ele fingia que não levava a sério, mas ele levava profundamente a sério.

[Em “Harry Potter”] Ele era Dumbledore, do reino mágico, e eu do reino trouxa, mas ele substituiu Richard Harris e ele começou a imitar Richard Harris, que havia morrido recentemente, e ele fazia seu sotaque. Um sotaque meio irlandês, que ele amava ter uma desculpa para fazer, porque sua família veio da Irlanda e se mudou para Camden. Ele costumava dizer que seu pai ia até uma loja, enrolava materiais em volta da sua cintura, colocava um casaco nele e ia embora. Ele sempre sugeria um tipo de atividade criminal, mas eu tenho certeza que não aconteceu. Ele só amava a precariedade da realidade e não realidade, e isso o fazia um grande ator.

Vou me lembrar dele porque ele também era um fabricante de armas. Ele sabia fabricar armas. Ele sempre dizia que poderia enganar o V e A [Victoria and Albert Museum] fazendo-os acreditar que eram armas do século XVIII. Portanto, vou considerá-lo um malandro, simplesmente um malandro brilhante e magnífico, mas com o texto não havia ninguém como ele. Ele podia fazer qualquer coisa.

David Bradley, intérprete de Argo Filch:

Foi um prazer e uma honra trabalhar com Mike por tantos anos. Muitas risadas e muitas travessuras – me fazia berrar, fora do palco (e nele!), o que faz seu falecimento mais difícil de superar. Um dos maiores. Descanse em paz.

Warwick Davis, intérprete de Fílio Flitwick e Grampo:

Eu e minha família tivemos o prazer de conhecer e trabalhar com Michael. Além de ser um contador de histórias hipnotizante e hilário, ele era um ator com compostura e bom humor em medidas iguais. #DescanseEmPazMichaelGambon

Em memória do falecido Michael Gambon, gostaria de compartilhar uma história divertida do set de “Harry Potter”. Em vez de tirar a barba colada na hora do almoço, os maquiadores a envolviam em um saco de pano à prova de comida. No entanto, de brincadeira, Michael tecia todo tipo de comida na barba de Dumbledore dentro do saco. Então, quando a sacola era retirada depois do almoço, parecia o bufê de um casamento ruim. Estava carregado de camarões, migalhas de quiche e tudo o mais que o travesso ator pudesse colocar em suas mãos! Obrigado pela diversão e pelas risadas, Michael.

Sobre o autor

Vinicius Ebenau

Vinicius aprendeu com "Harry Potter" a valiosa lição que amigos são uma das coisas mais importantes que existem... porque, sem eles, não teria pego emprestado a maioria dos livros para ler pela primeira vez. Formado em Cinema e Audiovisual, espera que a J.K. Rowling leia essa bio e dê uma chance a ele, pois faria um trabalho mil vezes melhor que o David Yates.